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terça-feira, 15 de agosto de 2017

E é feriado...



Erich Maria Remarque
Uma noite em Lisboa de Erich Maria Remarque.

Hoje acabei de ler este livro de Erich Maria Remarque: Uma noite em Lisboa. A Lisboa dos espiões da 2ª guerra mundial, para onde fogem também refugiados alemães, que fogem do regime nazi, alguns já tendo passado por campos de concentração na própria Alemanha, contra os próprios alemães. É a história de um desses refugiados, contada por um outro. Conheceram-se no cais enquanto olhavam para o navio que ia partir para a América, "a terra prometida". No início não me suscitou grande interesse. Gostei das descrições das cidades, imediatamente antes da guerra começar, mesmo antes da ocupação da França.  Escreve muito bem este escritor. Não pus o livro de lado porque gostei da descrição das cidades. O espanto e a maravilha que sentiram por existir luz nas ruas, sem apagões. Agradeci em silêncio a Salazar, por isto. A cidade fervilhava de gente das mais diversas nacionalidades; eu já o sabia mas ao ler este livro, estive lá, entendi melhor o que se passou. 
Este escritor é alemão e viu os seus livros serem queimados na praça pública e foi um dos refugiados alemães em fuga do regime nazi; foi várias vezes nomeado para o óscar, mas nunca o recebeu. Talvez por ser alemão-judeu? Einstein teve problemas idênticos. Acabou por receber o óscar depois de muitas peripécias e pressão internacional, mas não por causa da Teoria da relatividade. Ambos alemães-judeus, porque me parece pelo que li, que era assim que se sentiam e não judeus-alemães. O escritor foi acusado de ser descendente de judeus. Estou a citar o texto biográfico que vem no reverso da capa do livro.
O livro é chato e interessante ao mesmo tempo, devido às divagações filosóficas, de dois refugiados tarimbados, que já conheciam prisões e campos e a vida nas ruas e nos refúgios precários. Citando:
"- O mundo nunca parece tão belo como quando nos estão a prender. Quando estamos prestes a abandoná-lo. Se ao menos guardar essa sensação...
- Foi assim que me senti.
- Conseguiu agarrar-se a isso? - perguntei.
- Não sei - "
E ainda, esta:
"- O tempo _ como sabe _ , é a morte diluída, veneno ministrado a conta-gotas, em doses aparentemente inócuas. De início estimula e até faz com que nos sintamos imortais.  _ , mas gota a gota, dia a dia, ganha força e destrói-nos o sangue."

Apesar de nunca ter estado presa, o facto de ter vivido a guerra, como aqui é descrita, porque Lourenço Marques não foi bombardeada, fui avisada para me ir embora antes da independência. Um dos meus chefes, propôs a Samora Machel, enviar-me para um campo de concentração, desculpem, era de reeducação. Dizem que Samora Machel se desatou a rir à gargalhada. Não acreditavam muito que ele o fizesse, mas pelo sim, pelo não, era melhor vir-me embora.




Uma noite em Lisboa, em alemão.





Erich Maria Remarque, biografia em vídeo, legendado em português.









E mudando de assunto, homenagem a um campeão português.

Bronze no triplo salto, a 4* medalha. A 1* é de ouro.

Nelson Évora.


Nelson Évora. Se bloquearem, pode clicar neste link:

https://youtu.be/fA3t832usss

E uma boa tarde, continuação de um bom feriado.


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